quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Curitiba Zero Grau

        Depois de esperar dois anos, devido a falta de verba para distribuição, o drama Curitiba Zero Grau, que estreou nos cinemas no dia 17 de agosto de 2012, retrata o que se passa nas grandes cidades do Brasil, neste caso na capital mais fria do país.
       Um empresário bem de vida (Edson Rocha), dono de uma loja de carros e morador de um condomínio fechado, coloca sua vida em risco ao apostar em um negócio perigoso, envolvendo veículos importados sem a documentação exigida. Ele pode até ser rico e ter cometido um deslize ético. Mas também é capaz de atos sinceros de generosidade e de perceber o mundo ao seu redor . Um motoboy, muito bem interpretado pelo talentoso (Diegho Kozievitch) recém-separado da mulher e da filha pequena, provoca, sem querer, uma tragédia por causa de uma discussão banal no trânsito. Um jovem à procura de um caminho, que escapa dos estereótipos e ganha complexidade à medida que sua rota um tanto desgovernada se desenha dentro da narrativa. Um motorista de ônibus (Jackson Antunes) tenta socorrer uma família de migrantes pobres a arrumar um teto. O ator já conhecido pelos seus papéis em novelas da Rede Globo caracteriza muito bem o personagem, ele faz parecer que nasceu para isto e trabalhou ali a vida inteira. Um catador de papel (Lori Santos) tenta conseguir dinheiro para comprar remédio para a filha doente, embora esteja a um passo da marginalidade, valoriza a educação dos filhos e não se comporta como vítima da sociedade.
       A história dos quatro personagens são enlaçadas pelo grande problema atual: dinheiro, ou neste caso, a falta dele! Outra semelhança no núcleo destes personagens se passa em um doa maiores problemas atuais das metrópoles: o trânsito. Grande parte das histórias são contadas neste cenário.
       Curitiba Zero Grau foi rodado em película e finalizado em 35mm. Segundo o diretor “A intenção é mostrar um outro Brasil, ou um Brasil menos conhecido – o paranaense”. Suas locações, pontos turísticos e ruas conhecidas de Curitiba caracterizam bem os contrastes da capital paranaense.
       A trilha sonora é totalmente curitibana, como não poderia deixar de ser. Apesar da maioria de suas músicas ser instrumental foram todas feitas por bandas da capital paranaense e combinam com o núcleo dos personagens. E o sotaque... aaah esse o filme não deixa passar despercebido, por mais forçado que possa parecer em alguns momentos e que todos os curitibanos insistam em negar - falamos com o sotaque sim!
       Há vários méritos no filme de Elói, o mais evidente é que este é o tipo eficiente de roteiro, escrito em parceria com Erico Beduschi e Altenir Silva. A forma como as histórias dos quatro protagonistas se entrecruzam, deixa o filme mais ágil, não o torna cansativo e esse recurso não parece forçado e inverossímil, é uma das apostas dos filmes atuais. Sem falar na engenhosa ideia de que cada personagem narre a história do outro. Outra qualidade é a capacidade do filme de falar dos muitos contrastes sociais da cidade sem recorrer a clichês ou a representações simplificadoras.
       O grande pecado de Elói Pires Ferreira foi ter criado um filme simples. O drama de seu personagens segue o final que esperamos, os cortes são feitos nos pontos exatos para a finalização quase clichê. Em alguns personagens falta expressão, em algumas cenas falta foco e em outras há pequenos erros que poderiam ter sido cortados sem Outra falha, desta vez por culpa da população paranaense, é a quantidade de pessoas que procuram os cinemas para ver este filme. Os curitibanos, de certa forma, ainda possuem um preconceito com o trabalho do seu próprio estado. Mas a dica é para que todos assistam, vale a pena e vocês não vão "jogar fora" o dinheiro do ingresso.
       O longa-metragem Curitiba Zero Grau teve sua primeira exibição pública no Festival Internacional do Rio de Janeiro, A produção que traz em seu elenco o ator global Jackson Antunes,além de Edson Rocha, Lori Santos e Diego Kozievitch, também  foi exibida no festival de Havana, em Cuba,  na mostra de filmes brasileiros no Japão e  no Cinesul 2011 – Festival  Ibero-Americano de Cinema e Vídeo/RJ, onde conquistou o primeiro lugar na categoria “Eleitos do Público”.


Luana Marques

domingo, 26 de agosto de 2012

Aly Muritiba conta sobre a produção de “A Fábrica” na Semana Acadêmica PUCPR

Aconteceu a Semana Acadêmica da Escola de Comunicação e Artes da Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR. Na última quarta-feira (22) o cineasta Aly Muritiba esteve presente no evento em palestra sobre “A imagem como forma de comunicação do século XXI” e, na ocasião, contou como foi a produção do seu curta-metragem “A Fábrica”.


Cineasta Aly Muritiba

          “A Fábrica”, produzida e dirigida no último ano pela Grafo Audiovisual, de Aly Muritiba em sociedade com Antônio Junior e Marisa Merlo, teve patrocínio da RPC TV e apoio da Lei de Incentivo da Fundação Cultural de Curitiba (FCC). Foi filmado em formato de vídeo e finalizado em película 35 milímetros.

          O curta conta a breve história de um presidiário que no dia do aniversário da filha quer parabenizá-la por telefone. Devido a isso ele convence sua mãe a levar um celular para dentro do presídio. 
          Muritiba contou na palestra da Semana Acadêmica que seu filme já ganhou mais de 20 prêmios. “Apesar de todos os prêmios que o curta recebeu, o mais especial foi a menção honrosa que recebeu no festival francês Clermont-Ferrand”, revelou.

          O diretor revelou que foi um curta-metragem fácil e rápido de ser produzido, em comparação a outros roteiros que faz. “A pré-produção foi o mais demorado. De gravação levamos apenas 3 dias. No total, tivemos aproximadamente 6 meses de trabalho”, disse.

         Confira abaixo o trailer do curta-metragem “A Fábrica”, com Andrew Knoll e Eloina Duvoisin Ferreira. 

 
Rafaela Carvalho