sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Festival Anima Mundi inicia hoje em Curitiba


         
          O 20ª Festival Anima Mundi acontece a partir de hoje (21) até o dia 27 de setembro em Curitiba. A programação é composta por uma seleção exclusiva de curtas e longas-metragens de vários países, palestras e oficinas abertas ao público. O Anima Mundi está acontecendo no Shopping Crystal.
          Conforme o site do evento foram selecionados mais de 60 filmes para o recorte itinerante do Festival. "São curtas e longas-metragens premiados internacionalmente e retrospectivas de autores convidados. Ao todo são 11 sessões, com aproximadamente 1 hora de duração cada".
          Além da programação dos filmes o Festival oferece oficinas gratuitas sobre a criação de animações, onde os participantes podem fazer o roteiro, a gravação e edição do próprio filme. E ainda o evento terá uma palestra ministrada pelo diretor brasileiro Marcelo Marão.
          O Festival acontece no Shopping Crystal e Espaço Itaú de Cinema, ambos localizados na Rua Comendador Araújo, 731, Batel. As sessões acontecem às 14h, 15h30, 17h, 18h30, 20h e 21h30. Os ingressos custam R$ 8,00 e R$ 4,00 a meia entrada.



Acesse o site do Festival Anima Mundi e confira a programação: http://www.animamundi.com.br/

Rafaela Carvalho

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

O Cinema Brasileiro Hoje



   O livro O Cinema Brasileiro Hoje, de Pedro Butcher, explica o cinema da "Retomada" - nome dado ao cinema brasileiro atual a partir da recuperação da produção cinematográfica no Brasil de 1993 e 1994
   Butcher inicia o livro isolando e explicando brevemento as palavras “cinema” e “brasileiro”. O primeiro surgiu no final do século XIX, na Europa, espalhando-se rapidamente ao redor do mundo com muita procura da sociedade como forma de entretenimento. Com o passar do tempo, novas tecnologias surgiram para retratar a realidade, de forma que o filme tradicional viesse a ser somente uma das formas de audiovisual.
   Quando fala sobre o “brasileiro”, o autor se utiliza de François Truffaut e sua teoria de que cinema nacional não existe, mas sim cineastas nacionais. Ele diz que uma das poucas exceções é o cinema americano, pois é o mais influente no mundo. Nos Estados Unidos que nasceram as grandes produções do cinema, em Hollywood, especificamente. Desde o século XX, os filmes americanos são majoritários no mercado nacional e internacional.


   O primeiro capítulo traz o processo de recuperação do cinema brasileiro após a grande crise que aconteceu nos anos 90, porém ele deixa claro que a “retomada” a que tanto se refere é usada no seu sentido literal de retomar aquilo que foi interrompido e que a crise não aconteceu por fatos marcados, mas sim por “surtos”. A crise do cinema foi reflexo de tudo que acontecia no Brasil naquele momento, como a extinção da Embrafilme, que não resistiu a competição com a TV, e o impeachment de Collor.
   Os filmes produzidos nos anos 90 não geraram muito público e o Festival de Cinema de Gramado, por exemplo, desistiu de exibir os filmes nacionais. Somente em 1994 o cinema começa a dar sinal de recuperação com a estreia de A Terceira Margem do Rio, Lamarca, Veja Esta Canção, entre outros, e em 1995 que essa recuperação se torna mais forte. Carlota Joaquina não prometia muito sucesso, mas a resposta do público foi muito maior que o esperado e, em pouco tempo, o filme já havia vendido mais de 1 milhão de ingressos e distribuído cópias por todo país. 


   Terra Estrangeira, de Walter Salles, não fez o mesmo sucesso que Carlota, mas trouxe uma reflexão sobre o que estava acontecendo no país naquela época, gerando debates e participações em festivais, o que atraiu a atenção internacional para o cinema nacional brasileiro.
   No capítulo seguinte, Butcher cita os anos 70 e 80, como também o crescimento do mercado televisivo que aumentou as produtoras audiovisuais. A fixação da Rede Globo fez com que muitas pessoas se interessassem mais pelo mercado audiovisual e procurando o Jornalismo, o Cinema e afins para formação e profissionalização.
   Depois do ano de 1995, muitos diretores lançarem seus primeiros filmes no Brasil, mesmo sem incentivo algum. Alguns deles abriram suas companhias e estas se tornaram os pólos de produção da retomada, como a Videofilme (dos irmãs Salles) e a O2 filmes (de Fernando Meirelles).
   Em 1998, com a estreia de Central do Brasil, o cinema de retomada entrou em uma fase nova e o filme teve uma procura incomum dentro e fora do país. Apesar das críticas, o filme de Walter Salles acumulou mais de 20 troféus e estreou em vários países do mundo inteiro, o que fez de Walter o diretor de retomada de maior prestígio internacional.


   Depois da estreia de Central do Brasil, os filmes começaram a retratar a violência urbana, antes mascarada pelos governantes e até mesmo pela população, como foi o caso de Cidade de Deus e Ônibus 174.
   Cidade de Deus abriu portas para Carandiru que atingiu 4,6 milhões de espectadores em 30 semanas seguidas em cartaz. O filme foi selecionado para o Festival de Cannes de 2003, ampliando o prestígio do cinema brasileiro. Ambos os filmes, apesar de apresentarem estéticas diferenciadas, trouxeram o mundo do crime para a realidade de quem, muitas vezes, nunca tinha tido contato com este. O sucesso de Carandiru ajudou a alavancar o cinema nacional, voltando a casa dos 100 milhões de espectadores só no ano de 2003.

Cidade de Deus

Ônibus 174

Carandiru

   No capítulo 6, Butcher apresenta o crescimento da televisão, que gerou algumas transformações marcantes no modo de “fazer cinema”. A Globo concentrou a produção nacional audiovisual tanto no campo narrativo, com suas novelas, séries e minisséries e também no jornalismo, influenciando a vida da sociedade brasileira em todos os pontos. Os filmes produzidos nesta época também não escaparam do chamado “padrão Globo de qualidade”.
   O autor questiona o leitor se realmente existia/existe o cinema independente, apontando os fatos históricos da Globo Filmes e o surgimento do cinema nas outras emissoras de TV. Na Globo Filmes, existe a possibilidade de fazer cinema independente, que não obedece todas as normas do padrão da emissora, visto que esta se diz sempre aberta ao que é inovador. Cidade de Deus e Carandiru foram produções da emissora e se tornaram sucessos maiores que os mais adequados aos padrões da Globo, como, por exemplo, Acquaria, com Sandy & Junior.



   Entre 1995 e 2004, mais de 40 documentários foram lançados, o que foi um “feito excepcional”, pois as salas de cinema há muito tempo se dedicavam apenas as narrativas. Walter Salles, que trabalha com os dois gêneros, diz que ficou muito difícil competir com a realidade. Não é a toa que os filmes sobre pobreza, tráfico de drogas e crime como Tropa de Elite, grande sucesso do cinema brasileiro, são muito mais procurados pelo público que as narrativas de comédia e drama.
   Butcher conclui sua obra dizendo que o Brasil está sim em uma fase de ascensão no cinema, mas muito longe de de atingir um patamar ideal. A proporção de sala de cinema/habitantes, em 2003, era de uma para 93,4 mil, sendo o ideal de uma para cada 30 mil. Houve realmente uma grande reestruturação, profissionalização e maior acesso as tecnologias que vemos nas grandes produções Hollywoodianas, mas ainda não há o amadurecimento dos projetos antes da produção do filme propriamente dito. Muitos filmes entram em cartaz e ainda nem têm um acordo de distribuição, por exemplo, o que enfraquece a produção. Existe, portanto, um longo caminho a ser percorrido. 


Paula Lima