sexta-feira, 25 de maio de 2012

Dadaísmo, a lógica da desconstrução II


     A publicação de hoje é para dar continuidade à pesquisa que está sendo feita pela Corifeu Produções sobre a vanguarda Dadaísta. Para retomar, Dadaísmo é um movimento cinematográfico que tem o intuito de ironizar o tradicional e enfatizar o absurdo e o caos, de não ter sentido e não ser linear.
     Na última postagem pudemos identificar aspectos históricos e marcas estéticas deste movimento. Em relação a vídeos e filmes atuais que fizeram apropriações de características do Dadaísmo é possível citar “Gugudadá – dadaísmo contemporâneo”, vídeo produzido em 2009 por Guilherme Sanches e Sanny Purwin. Como na própria descrição “Este filme tem como propósito se apropriar da estética dadaísta para criticar e denunciar a loucura contemporânea”.


O vídeo nada mais é que uma crítica criativa a loucura contemporânea da sociedade. O homem, a partir da implantação do modo de produção capitalista, passa a ser visto apenas como agente produtivo, e não mais como ser com sentimentos, desejos e necessidades próprias.
Com a vida urbana, que pode ser caracterizada pelas fábricas, fumaças e engarrafamentos que aparecem logo no inicio, as pessoas se dedicam tanto ao trabalho e a ganhar dinheiro que não tem tempo de desfrutar os prazeres simples da vida, como ver o próprio filho dar o primeiro passo ou falar a primeira palavra. Existem mães que preferem passar o dia no salão de beleza e/ou fazendo tratamento estético a passar um dia brincando de boneca com as filhas. A valorização do consumo desenfreado que a mídia sugestiona todos os dias aumentou tanto que, para muitos, é melhor ter a ser. O ser humano se tornou mais individualista, preocupado apenas com ele mesmo e o que lhe diz interesse. Assim sendo, como pode ser visto em uma das últimas imagens do vídeo, os problemas dos outros estão tão distantes que não afetam a realidade, pois, afinal, “o que eu tenho a ver com isso”?

      Outro exemplo de 1970, é o curta-metragem Linguagem da Persuasão, de Joaquim Pedro, uma breve divagação sobre a influência da mídia na vida do cidadão moderno.


Conforme o artigo de João Toledo, publicado no site Filmes Polvo, “é possível perceber elementos de um cinema que não abre mão de expor uma forma particular de avaliar a realidade, levando o filme para muito além de seu objetivo original: o olhar subversivo para a realidade que compra beleza sem sequer questionar a manipulação à qual é submetida; o discurso corrosivo camuflado de jornalismo na voz de Ferreira Gullar, discutindo a passividade do ser diante do universo persuasivo do marketing; a dimensão visual em contraste com o discurso, visitando supermercados, comerciais, revistas, embalagens e profissionais do ramo no ritmo da construção e rumo ao desmoronamento do discurso publicitário que se pretende desmistificar, quase como uma colagem dadaísta.”

     São características do Dadaísmo o uso de colagem de imagens, mediante a isso o vídeo de abertura da minissérie “Capitu”, de Luiz Fernando Carvalho em 2008, é também uma apropriação do movimento. E seguindo essa ideia de montagens e colagens há também o curta Virile Games, de Jan Svankmajer, produzido em 1988.



 

      Em “21 Gramas”, filme de 2003 de Alejandro González Inarritu, é possível fazer uma analogia com o dadaísmo pelo fato do filme possuir uma estrutura não linear. São apresentados fragmentos do passado, o presente e o futuro dos personagens principais.


      Seguindo a linha jornalística e fazendo relação com o Dadaísmo, “Nós que aqui estamos, por vós esperamos”, filme de Marcelo Masagão lançado no Brasil em 1998, é um documentário que também remete à estética da vanguarda. Inicialmente pelo seu nome que, na realidade, é a frase do portal de um cemitério, algo que já ironiza o tradicional, e durante o filme também há diversas colagens. “Nós que aqui estamos por vós esperamos” foi premiado no Festival de Gramado em 2000 por sua montagem e no Festival do Recife como melhor filme, melhor roteiro e melhor montagem.

 

No documentário, segundo Fernanda Nascentes, “o diretor dá uma volta ao mundo passando por guerras, dirigindo o olhar para consequente banalização da vida e da morte. Aborda a industrialização do mundo, trata da alienação dos trabalhadores que se transformaram em peças da engrenagem capitalista. Mostra regimes totalitários, religiões, em suma, humaniza e contextualiza a história do século passado”. (Para ler mais sobre o artigo de Fernanda acesse http://www.spiner.com.br/modules.php?name=News&file=article&sid=1130).

Rafaela Carvalho
Paula Lima

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